quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Reecontrar!



E como tudo muda!
De repente você não é mais dona do seu tempo, das suas emoções, do seu querer.
Sua capacidade de se dividir vai além do imaginado e sua capacidade de se permitir fica aquém do esperado.
É tudo tão inspirador, belo, prazeroso e profundo, mas há momentos em que tudo se torna angustiante, sombrio, tenso e sufocante.
Dedicar é o momento do agora.
Tentar correr é correr de se encontrar!




sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Nasce um nenem, nasce uma mãe!

O dia do nascimento do meu filho?? Ahh, o dia mais encantador, mais mágico, mais intenso, mais mulher da minha vida.
O dia em que meus medos e minhas forças se encontraram num só momento.




Era 27 de abril de 2012.
Acordei, como de costume, cedo e curioso foi observar que meus pés aquela manhã não estavam inchados. Tratei de ligar logo para minha irmã que sempre dizia: "Quando seus pés desincharem o nenem nasce."
Passei o dia contando e anotando contrações leves e percebendo que ao término da manhã estas eram mais próximas uma da outra, mais longas e mais intensas. Delícia!
Aquelas contrações que começavam no cóccix e se espalhavam para a lateral do quadril, queimavam amor no meu coração. Sentia meu corpo se moldando, alargando para acomodar meu nenem.
Essas contrações duraram todo o dia e eu já estava na casa da minha mãe que ficava a duas quadras da maternidade onde Felipe Yanco nascera.
A noite estava certa de que não dormiria mais, ele viria! Tratei de ligar para Sil, uma amiga doula que, ainda na casa de minha mãe, me deu banho morno, fez massagens e exercícios de alongamento e abertura de quadril. Ao término dessas práticas, me sentia relaxada, aliviada das contrações, preparada para dormir e ter uma noite tranquila.
Mas eu não queria uma noite tranquila! Queria que tudo viesse mais forte após todo ritual! Não queria me livrar das contrações nem incômodos! Pronto, agora Lipe não vai querer mais vir hoje e a cesariana já está marcada para o dia que o médico escolheu que ele nascesse, 4 dias após.
Só foi Sil sair da casa de minha mãe, eu fechar a porta, que veio uma tremenda contração que me fez correr às 23h para a maternidade!! :))))
Enfim, lá estou: 4 cm de dilatação, sendo encaminhada para o quarto esperar meu nenem vir ao mundo, sem indução de medicamento algum. Minha mãe, irmã e meu esposo passaram a madrugada comigo.
Entre uma e outra contração, minha mãe fazia as massagenzinhas na lombar que Sil havia ensinado, Ewerthon (esposo calado e compenetrado, na verdade tenso com as próximas horas) caminhava comigo pelo quarto me dando carinho, apoio e sorrisos, e minha irmã, nas tentativas em "descontrair" o momento... me irritava.







Certa hora tudo me irritava!
A musiquinha colocada para relaxar, a voz de uma mulher ao longe, as tentativas "faladas" da minha irmã em me ajudar sugerindo coisas e mais coisas. Tadinha!!
Mas entendi, egoistamente, que aquele era meu momento. Pêreaí..
Precisava me concentrar, cada vez mais, à minha maneira, pois as contrações eram cada vez mais fortes e tudo que eu queria era silêncio.
No início da madrugada a enfermeira fez o toque. 6 cm!
Madrugada adentro e o ritual continuava. Todos na expectativa do nascimento!
As emoções, as dores, os medos...Num determinado momento fui surpreendida com o medo da dor na hora do parto. Pensei em analgesia e me entristeci por pensar nisso. Me senti pequena, covarde.
Às 5h da manhã, o médico me examinou. O primeiro toque que de fato doeu...e como doeu!! 7cm, mas nada de sentir a cabecinha do nenem. Não estava encaixado. Algo estava acontecendo e como sugestão do médico decidimos pela cesariana.
Desabei a chorar e Ewerthon tentando me acalmar dizia: "Meu amor, se acalme! Não era bem o que vc queria, mas agora temos que pensar que já vamos ver nosso nenem.", não sabendo ele que todo meu choro era exatamente pelo fato de que em pouco tempo estaria com Lipe nos meus braços, vendo seu rostinho, sentindo seu cheiro, acariciando sua pele fininha.
Minha felicidade já estava completa. Meu filho nasceu no dia 27 de abril, dia em que Deus quis que ele viesse ao mundo e não no dia 02 de maio, escolhido pelo médico porque dia 01 era feriado e ele poderia estar viajando.
Na sala da cirurgia, me aplicaram anestesia e só então Ewerthon entrou.



Amarrada, comecei a passar mal enjoada com a anestesia e vomitei.Quando trouxeram Lipe para eu ver, o sonho da magia do nosso (re) encontro foi apagado. Tudo que eu queria era sair dali!
Felipe Yanco nasceu com duas voltas do cordão no pescoço, razão de não estar encaixado.
No quarto, fui encharcada com remédios, anti-inflamatórios e não sei mais o que, que me deixaram por dias com um péssimo gosto na boca. Sofri muito com gases porque toda visita queria falar sobre minha experiência. Na noite seguinte ao parto, minha mãe acordou comigo delirando de dores e gemendo. Foi quando acordei atordoada com ela ao pé da cama,  sentindo dores abdominais terríveis. Se juntasse todas as contrações numa só não chegaria perto da dor que senti quando dormindo, tentei me virar de lado.
O médico me explicou na manhã seguinte, que ao virar de lado, meu útero, ainda grande, se movimentou dentro de mim. Ninguém me disse que depois de uma cesariana, ou de um parto, era preciso dormir de barriga para cima.
Em casa, sentindo-me ainda desconfortável com a cirurgia, diziam que minha recuperação estava indo bem. Imagina!!
Em meio ao desconforto, me sentia feliz, completa, realizada.
Nada mais me faltava. Turo era mágico, puro. Tinha meu filho nos braços. Minha cria!
Hoje, se penso no dia mais feliz da minha vida, esse dia tem data!